sábado, 21 de janeiro de 2012

Educar para além das teorias ...

Educar para além das teorias ...
UMA REFLEXÃO PARA O INÍCIO DO ANO LETIVO, NO QUE TANGE ÀS HORAS DESTINADAS À FORMAÇÃO DE PROFESSORES...

"Se, na experiência de minha formação, que deve ser permanente, começo por aceitar que o formador é o sujeito em relação a quem me considero o objeto, que ele é o sujeito que me forma e eu, o objeto por ele formado, me considero como um paciente que recebe os conhecimentos-conteúdos-acumulados pelo sujeito que sabe e que são a mim transferidos. Nesta forma de compreender e de viver o processo formador, eu, objeto agora, terei a possibilidade, amanhã, de me tornar o falso sujeito da "formação" do futuro objeto de meu ato formador. É preciso que, pelo contrário, desde os começos do processo, vá ficando cada vez mais claro que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado. É neste sentido que ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos nem formar é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender."
Paulo Freire, 1996

O texto mostra, claramente, a necessidade de " alternância formativa" , ou seja, ninguém é dono da verdade, todos somos co-autores da obra formativa, pois, como já se disse, " ninguém é uma tábula rasa", todos temos experiências a compartilhar , práticas a dividir, em busca do bem maior da Educação... Só assim, as tantas horas de formação terão sentido, dentro de uma prática democrática que contemple os vários saberes de "formadores" e " formandos" , com derivação positiva para a ação educativa, hoje tão carente desse olhar soberano de respeito ao corpo docente e ao corpo discente...

Vale sempre a pena refletir sobre nossa prática diária... A todos os colegas das equipes gestoras ,docentes , enfim , a todos que atuam nas escolas e nos órgãos centrais, a todos que fazem da Educação um objetivo de vida, um bom recomeço, um excelente ano letivo...

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Grande mestre : Rubem Alves

                   RUBEM ALVES
                   Despedida

       "Minha alma é movida pelas ausências; mas, nos jornais, não há lugar para ressurreições..."

      ESSA CRÔNICA é uma despedida. Resolvi, por decisão própria, parar de escrever em Cotidiano.
       Devo ter perdido o juízo. Minha decisão contraria um dos dois maiores sonhos de cada escritor. Primeiro, o sonho de ser um best-seller. Encontrar algum livro seu nas prateleiras da livraria Laselva, nos aeroportos. Confesso: sou vítima dessa vaidade. Mas não aprendo a lição. Nos aeroportos, vou sempre visitar a Laselva na esperança de lá encontrar um dos meus livros. Saio sempre desapontado.
         O outro sonho dos escritores é ter seus textos publicados num jornal importante: ser lido por milhares de leitores. O que significa reconhecimento duplo: do jornal que os publica e dos leitores. Isso faz muito bem para o ego. Todo escritor tem uma pitada de narcisismo.
          Fernando Pessoa tem um poema que diz assim: "Tenho dó das estrelas luzindo há tanto tempo, tenho dó delas..." E ele se pergunta se "não haverá um cansaço das coisas, de todas as coisas..." Respondo: Sim. Há um cansaço. A velhice é o tempo do cansaço de todas as coisas. Estou velho. Estou cansado. Já escrevi muito. Mas, agora, meus 78 anos estão pesando. E como acontece com as estrelas, há sempre a obrigação de brilhar.
          A obrigação: é isso o que pesa. Quereria ser capaz de viver um poeminha do Fernando Pessoa: "Ah, a frescura na face de não cumprir um dever... Que refúgio o não se poder ter confiança em nós..." Perco o sono atormentado por deveres, pensando no que tenho de escrever. Sinto -pode ser que não seja assim, mas é assim que eu sinto-que já disse tudo. Não tenho novidades a escrever. Mas tenho a obrigação de escrever quando minha vontade é não escrever.
        Não é qualquer coisa que se pode publicar num jornal. O próprio nome está dizendo: "jornal", do latim "diurnalis"; de "dies", dia, diurno; o que acontece no dia; diário.O tempo dos jornais é o hoje, as presenças. Mas minha alma é movida pelas ausências: nos jornais, não há lugar para ressurreições.
          Acho que aconteceu comigo coisa parecida com o que aconteceu com a Cecília Meireles. Escrevendo sobre ela, Drummond falou o seguinte: "Não me parecia criatura inquestionavelmente real; por mais que aferisse os traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e sociabilidade, restava-me sempre a impressão de que ela não estava onde nós a víamos... Por onde erraria a verdadeira Cecília, que, respondendo à indagação de um curioso, admitiu ser seu principal defeito 'uma certa ausência do mundo'"?
          Deve ser alguma doença que ataca preferencialmente os velhos e os poetas. A Cecília descrevia o tempo da sua avó com "uma ausência que se demorava". E Rilke se perguntava: "Quem assim nos fascinou para que tivéssemos um olhar de despedida em tudo o que fazemos?" O sintoma dessa doença é aquilo que a Cecília disse: uma certa ausência do mundo.
          O místico Ângelus Silésius já havia notado que temos dois olhos, cada um deles vendo mundos diferentes: "Temos dois olhos. Com um, vemos as coisas do tempo, efêmeras, que desaparecem. Com o outro, vemos as coisas da alma, eternas, que permanecem". Jornais são seres do tempo. Notícias: coisas do dia, que amanhã estarão mortas.
          E é por isso vou parar de escrever: porque estou velho, porque estou cansado, porque minha alma anda pelos caminhos do Robert Frost, porque quero me livrar dos malditos deveres que me dão ordens desde que me conheço por gente...

terça-feira, 18 de outubro de 2011

SER DIRETOR...

Ser diretor, ai que horror!
Toda gente em nosso pé:
Desde bandido sem fé,
Que não nos faz cafuné,
Até seu Serra-terror,
Mais os asseclas, que invadem
nossos planos e projetos,
sonhando ser Bin Laden,

Ai que raiva!!!

De dia, aquele tormento:
É o Joãzinho, sem rumo,
Quebrando tantas vidraças,
Justificando, sem graça,
Muito cheio de marola:
"Foi sem querer, diretor,
A culpada foi a bola! "
E pobre de nossa escola.

Dá uma vontade...!!!

De noite, vem o mistério.
Metido a besta, o artista
Transmuda-se em pichador.
Procura-se alguma pista,
Finalmente, surge a prova.
Vem, então, o humanista:
Coitadinho do Picasso,
exercitava seu traço!!!

Ah, se te pego!!!

Também tem o professor
Que fica fora de prumo,
Quando os alunos capetas
Aprontam-lhe mil falsetas,
Naquela aula infeliz,
Que ministra sem paixão.
Pode escrever, meu amigo,
Tem fila na porta da direção!!

Jesus! Dai-me paciência!!!

E vem também pai de aluno,
Zangado com o inspetor
Porque seu santo rebento
Provocou, em tal momento,
Gente de quem se temia,
Levando em bom pagamento
Bordoadas sem amor.
E sobra pro diretor!!

Êta, dureza!!!

E, de quebra, todo dia,
É chato, de todo lado,
A rondar a direção,
Pra vender enciclopédia,
Salame, queijo, comédia,
Informática e inglês,
Quase tudo por quase nada.
Mas, que gente descarada!!

Caramba!!!

E tudo isso, por quanto?
Uns mil seiscentos e tanto,
Esse, sempre, o inicial.
Um salário, de dar dó,
Que dá vontade, afinal,
De dizer para os molóides:
Não tendes vergonha na cara,
De nos pagarem um salário
Do ó do borogodó ??

Perdoem-me a quase baixaria!!!

E quando chega o momento
De receber algum louro,
Que é esse tal do bônus,
Pobre de nós. Do tesouro,
Pra levar algum por cento,
Assumimos todo o ônus,
Dos que se fazem de mouro.
E, lá se vai nosso ouro.

Deixemos de brincadeira,
Pois diretor que se preza
Ama sua profissão,
Professores, serviçais,
Os alunos e seus pais.
Sonham com a escola perfeita,
Cidadã e sem violências,
Formadora de consciências!!

Agora, falando sério:

Não fosse bem verdadeira
A permanente emoção,
Que em tal lida nos envolve,
Há muito nossas escolas,
Vítimas de mil percalços
Impostos pelo padrasto,
Já estariam no chão.
Não seriam o que são.

E que viva, a Direção!!!
(Poema hilário retirado do site da Udemo)

18 DE OUTUBRO - DIA DO DIRETOR DE ESCOLA...

O Diretor de Escola é, por muitos motivos, uma figura exponencial na estrutura de qualquer sistema de ensino, seja público ou privado.

Suas funções alcançam praticamente todos os setores da escola, e múltiplos são os seus afazeres numa instituição que congrega milhares de alunos, centenas de pais, dezenas de professores e funcionários.
Suas responsabilidades são imensas, uma vez que estão sob seus cuidados crianças e jovens nem sempre preocupados consigo mesmos, ao longo dos 200 dias letivos, numa escola onde tudo pode acontecer, inclusive tragédias.
O Diretor é o mestre pensador, aquele que projeta a escola de qualidade desejada pela comunidade, embora quase nunca possível, pelos péssimos salários e condições de trabalho.
A tanto empenho do diretor, qual é a contrapartida dos governantes e das autoridades educacionais?

De concreto, nenhum. Geralmente, apenas pronunciamentos vazios e hipócritas, tais como "A Escola é a Cara do Diretor".
Em função de todas as adversidades que cercam nossa profissão, nós, diretores da escola pública estadual, neste 18 de outubro temos muito pouco a comemorar, a não ser o sentimento do dever cumprido.
Porque, acima de tudo, nós somos educadores!!!

Parabéns!!!
(Copiado do site da Udemo)

sábado, 8 de outubro de 2011

" FELIZ DIA DA CRIANÇA "

"Entre a inocência da infância e a compostura da maturidade,há uma deliciosa criatura chamada criança. Embora se apresentem em tamanho, pesos e cores sortidos, todas as crianças tem o mesmo credo: aproveitar cada minuto , de todas as horas , de todos os dias e protestar ruidosamente ( pois o barulho é sua única arma ) quando seu último minuto é decretado e os adultos os empacotam e os colocam na cama. Crianças são encontradas em toda parte: em cima de, em baixo de, dentro de, subindo em, balançando-se no, correndo em volta de, pulando para... As mães as adoram, irmãos e irmãs mais velhos as suportam, adultos as ignoram, o céu as protegem... Uma criança é a verdade com o rosto sujo, a beleza com um corte no dedo, a sabedoria com um chiclete no cabelo, a esperança do futuro com uma rã no bolso. Quando você está ocupado, uma criança é uma conversa fiada, intrometida e amolante. Quando você deseja que ela cause boa impressão, seu cérebro vira geléia ou ela se transforma numa criatura sádica e selvagem empenhada em destruir o mundo ao seu redor. Uma criança é um ser híbrido: o apetite de um cavalo, a energia de uma bomba atômica de bolso, a curiosidade de um gato, os pulmões de um ditador, a imaginação de um Julio Verne, o retraimento de uma violeta, o entusiasmo de um bombeiro... E, quando se mete a fazer alguma coisa é como se tivesse cinco polegares em cada mão. Gosta de sorvete, canivete, serrote, pedaços de pau, bichos grandes, dos pais, sábados, domingos e feriados e mangueiras d água. Não é partidária do catecismo, escola, livros sem figuras, lições de música, colarinhos, barbeiros, agasalhos, adultos e "hora de dormir". Ninguém se levanta tão cedo , nem chega tão tarde para o jantar. Ninguém se diverte tanto com árvores, cachorros e mosquitos. Ninguém é capaz de colocar num só bolso: um canivete enferrujado, uma maçã comida pela metade, um metro e meio de barbante, um saco plástico, dois chicletes, três moedas, um estilingue e fragmentos de substância ignorada. Uma criança é uma criatura mágica; você pode mantê-la fora de seu escritório, mas não pode expulsá-la de seu coração. Pode pô-la fora da sala de visitas, mas não pode tirá-la de sua mente. Queira ou não, ela é seu captor, seu dono, seu patrão, um nanico, um saco de encrencas. Mas, quando, à noite você chega em casa com suas esperanças e seus sonhos reduzidos a pedaços, ela possui a
magia de soldá-los num segundo, pronunciando duas simples palavras: "alô papai, alô mamãe"....
Retirado da página da " Escola Municipal JARDEL HOTTZ "
Maravilhosa e única descrição , extremamente feliz, do que é uma criança ...